“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de
Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama
não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (Jo 4,7-8)
Certo
dia, uma pessoa me disse: “Se fulano de tal mudasse de atitude, eu iria amá-lo
mais”. Porém, nos esquecemos de que o amor não é condicionado: ou se ama ou não
se ama. Podemos demonstrar amor de formas diferentes, mas não existe maior ou
menor. Amor é amor, e na há como discutir isso.
O
que acontece é que gostamos de algumas pessoas, mas não as amamos. Gostar não
exige entrega nem sacrifício. Da mesma forma como eu gosto de alguém, eu gosto
de sorvete de chocolate, da cor verde, de assistir filmes de um determinado
diretor, e assim em diante. Posso gostar e desgostar ao compasso do vento. Se
compro um livro e imagino que irei gostar da história, mas nas primeiras
páginas me decepciono e então o guardo na estante por tempo indeterminado, isso
é gosto, não é amor.
Convivemos
com algumas pessoas por dias, meses, até anos, sem amá-las. Essa cruz é pesada
demais! Em outros casos, amamos, queremos bem, mas é impossível, por diversos
motivos, o convívio diário.
No
entanto, é possível amar sem gostar de alguém. Parece contraditório, mas na
realidade, não é. Muitas vezes, não gostamos de certas atitudes, gestos,
decisões tomadas por determinadas pessoas, mas as amamos; tal situação é comum
no ambiente familiar.
Nesses
casos, ao sinal de qualquer necessidade ou urgência, estamos prontos para
ajudar, nos preocupamos, sofremos com a dor pela qual a pessoa esteja passando.
Da mesma forma, muitas pessoas que não gostam de nós podem ter nos ajudado nos
momentos em que mais precisamos. Não gostam de nós, mas nos amam.
Jesus,
no Evangelho, não pede aos seus discípulos que gostem das pessoas; Ele pede
amor. Amar ao ponto de dar a vida, assim como Ele fez.
Aprendemos
com Jesus que amor não é um simples sentimento: é uma atitude, um exercício de
entrega. É despojamento de si, aniquilamento. Não amamos alguém para que essa
pessoa nos faça feliz. Se amamos esperando uma retribuição, então o sentimento
não passa de egoísmo.
Quando
amamos, desejamos que o outro seja feliz. Amar é viver no outro, e a felicidade
do outro é a nossa felicidade.
Pe.
Luis Erlin, cmf
Revista Ave Maria: Julho de 2012 – Ano 114 – Editora Ave Maria