Cidade do Vaticano
(RV) – Foi apresentada, na manhã desta
sexta-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a primeira Encíclica do Papa
Francisco, intitulada Lumen fidei (“Luz da fé”).
A nova Encíclica foi
apresentada pelo Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos,
por Dom Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e
por Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da
Nova Evangelização.
Esta primeira
Encíclica é publicada pela Livraria Editora Vaticana e pela Editora São Paulo,
com comentários de Dom Rino Fisichella, organizador dos eventos do Ano da Fé, e
por Giuliano Vigini, escritor e docente em sociologia na Universidade Católica
de Milão.
A Encíclica “Luz da
Fé” foi iniciada por Bento XVI e levada adiante e concluída, com acréscimos,
pelo Papa Bergoglio. Trata-se de um documento, disponível em seis línguas,
entre as quais o português, com 94 páginas e dividida em quatro capítulos, além
da introdução e da conclusão.
A Carta Encíclica
sobre a Fé é dirigida aos Bispos, Presbíteros, Diáconos, Pessoas consagradas e
a todos os fiéis Leigos. O documento, que havia sido quase completado por Bento
XVI, foi assinado pelo Papa Francisco.
O objetivo da Carta
Encíclica é retomar o caráter de luz, próprio da fé, capaz de iluminar toda a
existência humana. Em resumo, podemos dizer que “aquele que crê jamais está
sozinho, porque a fé é um bem comum que ajuda a edificar as nossas sociedades,
dando-lhes esperança.
Em uma época, como a
moderna, escreve o Papa, na qual “crer se opõe à pesquisa” e a fé é vista como
um pulo no vazio, que impede a liberdade do homem, é importante “ter
confiança”, com humildade e coragem, no amor misericordioso de Deus, que
endireita as sinuosidades da nossa história.
Jesus é a testemunha
crível da fé. Através dele, Deus atua realmente na história. Como na vida de
cada dia, nós confiamos no arquiteto, no farmacêutico, no advogado, que
conhecem melhor as coisas, assim, mediante a fé, confiamos em Jesus, perito nas
coisas divinas.
A fé, sem a verdade,
não salva, diz o Pontífice, mas permanece como uma linda fábula, sobretudo
hoje, em que se passa por uma crise da verdade, porque acreditamos somente na
tecnologia ou nas verdades de uma pessoa, porque tememos o fanatismo e
preferimos o relativismo.
Pelo contrário, a fé
não é intransigente; aquele que crê não é arrogante. A verdade, que deriva do
amor de Deus, não se impõe com a violência, não espezinha o homem, mas torna
possível o diálogo entre a fé e a razão.
Logo, o essencial, é
a evangelização: a luz de Jesus brilha no rosto dos cristãos e se transmite de
geração em geração, através das testemunhas da fé. Deste modo, a fé é
transmitida mediante os Sacramentos, como o Batismo e a Eucaristia, como também
pela fé da oração do Creio e do Pai Nosso, que envolvem o cristão nas verdades
que professa e o levam a ver com os olhos de Cristo. Eis porque “a fé é una” e
a “unidade da fé é a unidade da Igreja”.
É importante também
a ligação entre “acreditar e construir” o bem comum, escreve o Papa: a fé reconfirma
os vínculos entre os homens e se coloca a serviço da justiça, do direito e da
paz. Ela não nos distancia do mundo, pelo contrário, se a eliminarmos das
nossas cidades, permanecemos unidos apenas pelo temor e por meros interesses.
Crer, ao invés, ilumina
a família, fundada no matrimônio entre o homem e a mulher; ilumina o mundo dos
jovens, que desejam uma vida superior; ilumina a natureza e nos ajuda a
respeitá-la, para “encontrar modelos de desenvolvimento, que não se baseiam
somente na utilidade ou no lucro, mas consideram a criação como dom”.
O sofrimento e a
morte também têm sentido com a confiança em Deus: o Senhor dá, ao homem que
sofre, um raciocínio para explicar tudo, mas lhe oferece também a sua presença,
que o acompanha.
Por fim, na sua Carta
Encíclica “Luz da fé”, o Santo Padre exorta: “Não deixemos roubar a nossa
esperança; não permitamos que ela seja inutilizada por soluções e propostas
imediatas, que bloqueiam o nosso caminho rumo a Deus”. (MT)