Celebramos, neste
domingo, 19, a Solenidade de Pentecostes, que acontece este ano após a
realização de grandes acontecimentos: as emoções de celebrar a Festa de Nossa
Senhora de Fátima no “altar do mundo”, em Portugal, onde consagramos os jovens
e a Jornada Mundial da Juventude à intercessão de Senhora do Rosário e
participamos da consagração do Pontificado do Papa Francisco, feita pelo
patriarca de Lisboa.
Também
o Dia Mundial das Comunicações, celebrado em 12 de maio, na Ascensão do Senhor,
que teve como tema as redes sociais, nos serve de pano de fundo para a festa
que celebraremos neste final de semana. Pentecostes é o grande anúncio que a
Igreja faz ao mundo da salvação em Cristo Jesus, através de pessoas
transformadas no seu interior e de comunidades unidas por essa mesma ação.
O
grande segredo da Igreja é a ação do Espírito Santo, que a conduz no caminho de
conversão e a leva adiante em sua missão. Ele nos faz saborear as coisas do
alto e compreender as palavras de Jesus. Ele conduz a Igreja pelos caminhos da
missão evangelizadora através da história.
Tanto
nas manifestações populares como nos aprofundamentos teológicos é Ele que atua
no coração, na mente e na vida das pessoas. É um dom do Pai prometido por
Jesus. Só espera o nosso coração aberto para acolhê-lo e deixar-nos conduzir
pelas suas inspirações. Não tenhamos medo: abramo-nos à ação do Espírito Santo.
Ele nos conduzirá numa nova evangelização.
Plenitude
do Espírito Santo
No
Dia de Pentecostes (no fim das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo se
realiza na efusão do Espírito Santo, que é manifestado, dado e comunicado como
Pessoa Divina: de sua plenitude, Cristo, Senhor, derrama em profusão o
Espírito. Ora, esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do Messias;
devia ser comunicada a todo o povo messiânico. Por várias vezes Cristo prometeu
esta efusão do Espírito, promessa que realizou primeiramente no dia da Páscoa,
e em seguida, de maneira mais marcante, no Dia de Pentecostes.
Repletos
do Espírito Santo, os apóstolos começam a proclamar “as maravilhas de Deus” (At
2,11), e Pedro começa a declarar que esta efusão do Espírito é o sinal dos
tempos messiânicos. Os que então creram na pregação apostólica e que se fizeram
batizar também receberam o dom do Espírito Santo.
Jesus
ordenara aos 11 que esperassem em Jerusalém a vinda do Consolador.
Dissera-lhes: “Dentro de pouco tempo sereis batizados no Espírito Santo” (At 1,
5). Seguindo as orientações de Jesus, do Monte das Oliveiras, onde tinham se
encontrado pela última vez com o Mestre, eles retornaram ao Cenáculo e ali,
juntamente com Maria, permaneceram assíduos na oração.
Início
da missão da Igreja
Na
Solenidade do Pentecostes aconteceu o fato extraordinário, descrito pelos Atos
dos Apóstolos, que assinala o início da missão da Igreja: “Subitamente ressoou,
vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a
casa onde se encontravam. Viram, então, aparecer umas línguas à maneira de
fogo, que se iam dividindo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram
cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o
Espírito lhes inspirava que se exprimissem” (At 2, 2-4).
Estes
fenômenos extraordinários chamaram a atenção dos israelitas e dos prosélitos,
presentes em Jerusalém para a Festa do Pentecostes. Assombraram-se ao ouvir
aquele forte som e, mais ainda, ao escutarem os apóstolos que se exprimiam em
várias línguas. Tendo vindo de várias partes do mundo, ouviam esses galileus
falar cada um na própria língua: “Ouvimo-los anunciar nas nossas línguas as maravilhas
de Deus” (At 2, 11).
Terminada
a obra que o Pai havia confiado ao Filho para realizar na Terra, foi enviado o
Espírito Santo no Dia de Pentecostes para santificar a Igreja permanentemente.
Foi então que a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou
a difusão do Evangelho com a pregação. Por ser convocação de todos os homens
para a salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária enviada por
Cristo a todos os povos para fazer deles discípulos.
Neste
dia santo de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, a Igreja é manifestada
ao mundo. O dom do Espírito inaugura um tempo novo: o tempo da Igreja, durante
o qual Cristo manifesta, toma presente e comunica sua obra de salvação pela
liturgia de sua Igreja, “até que Ele venha” (1 Cor 11,26). Durante este tempo
da Igreja, Cristo vive e age em sua Igreja e com ela de forma nova, própria
deste tempo novo.
Em
Pentecostes é revelada plenamente a Santíssima Trindade. A partir desse dia, o
reino anunciado por Cristo está aberto aos que creem n’Ele: o reino já recebido
em herança, mas ainda não consumado. Contemplamos e vimos a verdadeira Luz,
recebemos o Espírito celeste, encontramos a verdadeira fé: adoramos a Trindade
indivisível, pois foi ela quem nos salvou.
Os
carismas
Os
dons do Espírito, concedidos a todos por ocasião do batismo e intensificados na
crisma, nos capacitam para servirmos à Igreja de Cristo, através dos irmãos. Os
carismas são, portanto, dons de poder para o serviço da comunidade cristã.
Eis
algumas condições para recebermos e perseverarmos na vida carismática:
simplicidade e pureza de coração; assiduidade da meditação da Palavra de Deus;
vida de oração; desejo de servir aos irmãos como Jesus (Lc 22, 27);
perseverança à recepção dos dons espirituais (sempre abertos para sermos canais
à ação e poder do Espírito em nós).
Nossa
colaboração é essencial. Deus não nos quer robôs agindo de forma mecânica. Ele
respeita a nossa liberdade e consentimento. Se cremos, dizemos “sim” ao que o
Senhor quer realizar em nós. Maria Santíssima é o modelo da total abertura:
“Faça-se em mim, segundo a Tua palavra” (Lc 1, 38).
O
Espírito de Deus sopra onde quer (Jo 3, 8), penetra por toda a parte, com
soberana e universal liberdade. É por isso que rezamos, com grande fé, pedindo
as luzes necessárias para a realização da JMJ Rio2013: “Vinde Espírito Santo;
enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.
Assim seja para toda a Igreja e para toda a humanidade. Espírito Santo, vem!
Por
Dom Orani João Tempesta, O. Cist. - Arcebispo do Rio de Janeiro