“Finados”
vem do latim “Fines” que significa “limites”, “extremidades”. São os que
ultrapassaram os limites da vida terrena. Ao celebrarmos os “finados”,
precisamos estar conscientes de que a vida é um mosaico de tempos diversos:
relação e separação, encontro e despedida. As “pequenas perdas” que
experimentamos no dia a dia preparam-nos para encarar as
“grandes rupturas”, representadas pelas duas separações mais significativas da
vida humana: O nascimento e a morte. O nascimento comporta a inevitabilidade da
morte como parte integrante da vida. A outra face está ligada à perda de uma
pessoa querida, no “adeus” definitivo.
Podemos
dizer que “a morte é uma doença incurável, que contraímos ao nascer. A nossa
vida é realmente um viver morrendo. Por isso, quem chora a morte de uma pessoa
querida, na verdade, chora um pouco da própria morte.” (Santo Agostinho)
Vivemos
neste mundo por um tempo muito curto. A nossa vida é apenas uma faísca na tela
da eternidade. “No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor”
dizia São João da Cruz. O homem morre, não quando deixa de viver, mas, quando
deixa de amar. Lembremo-nos de que os dias transformam-se em semanas, as
semanas meses e os meses em anos. Quando menos se espera, tudo chega ao fim. O
que dá à morte o terrível poder de angustiar o homem e de enchê-lo de medo é a
vida sem amor, sem o bem praticado.
Onde
estão os nossos falecidos? O livro da sabedoria nos responde: “A vida dos
justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá” (Sb 3,1). Para a Bíblia,
o justo é aquele que acolhe o amor de Deus com gratidão. E este amor cria a
justiça. E a justiça é mais do que uma questão de direito, mas uma questão de
amor. A maior injustiça que alguém pratica e quando deixa de amar.
Para
os justos é que Jesus dirige suas palavras consoladas: “Não perturbe o vosso
coração... Na casa de meu Pai são muitas as moradas... Eu vou preparar um lugar
para vós.” (Cf Jo 14,1)
Refletindo
sobre a vida e a morte, neste dia dos “finados”, terminemos com estas palavras
de Dom Pedro Casaldáliga: “E no final da vida
me perguntarão: ‘E tu, viveste? Amaste?’. E sem dizer nada abrirei meu coração
cheio de nomes”.
Padre José Roberto Vale Silva - Pároco da Paróquia São Vicente Férrer
São Vicente de Minas – MG
Retirado de
www.diocesedesaojoaodelrei.com.br