Conversão:
"Caminho de volta para Deus”
"Caminho de volta para Deus”
Minhas
irmãs e meus irmãos
de caminhada, continuando nosso percurso de aguardamento
para o encontro do Senhor Jesus que vem, somos chamados neste segundo domingo
do advento (dia 09 de dezembro), a preparar o caminho do Senhor fazendo nosso
caminho de volta para Deus. Hoje, vamos ouvir a profecia de Baruc (Br 5, 1-9). O profeta Baruc foi contemporâneo do
profeta Jeremias que ouvimos no domingo passado. Ambos viveram no tempo do
exílio na Babilônia. O povo de Deus foi infiel à aliança e se distanciou do
Senhor. Preferiu o pecado a graça de Deus. Neste sentido, o exílio é a imagem
do pecado que o povo de Deus cometeu.
Assim
como o exército de
Nabucodonosor, invadiu o povo de Deus tirando-lhe a vida, a fé, a cultura, a
identidade, os bens; o pecado nos invade e rouba de nós o que temos de mais
precioso. Para o exílio foram levados os tesouros do Templo de Deus, assim
também, são tirados do nosso coração, pelo pecado, os dons preciosos que são o
amor e a justiça de Deus. Mas, o profeta fala da volta do povo. É o caminho de
volta para casa. Caminho que devemos fazer interiormente. Por isso, os montes e
as colinas serão abaixados e os vales aterrados. Imagem belíssima que revela
como Deus dá segurança ao seu povo para que caminhe em paz e sem cansar. Deus é
caminheiro com seu povo e conserta os caminhos para que percorram com passos
firmes e decididos.
No evangelho de Jesus (Lc 3, 1-6) encontramos
a grande proposta de Deus, a misericórdia para com seu povo. É importante
observar como a Palavra de Deus é localizada no âmbito social dos governos e no
âmbito da religião. São citados os governos de Tibério César, imperador romano,
Pôncio Pilatos, governador da Judéia e as autoridades religiosas de Jerusalém Anás e Caifás, sumos sacerdotes.
Percebemos que Deus fala dentro do contexto da vida e não fora dela. A vida
contextualizada é o tempo e o espaço onde Deus se revela.
A Palavra de Deus foi
dirigida dentro deste contexto social e religioso a João Batista, filho de
Zacarias e, no deserto. Vemos apontada, assim, a situação imediata do Batista,
tem família e tem lugar. É filho de Isabel e Zacarias e está no deserto. Estar
no deserto é atitude de sintonia com Deus. No deserto não há distração. Não há
nada que nos desvie o olhar de Deus. Na cidade onde há tantas coisas,
facilmente, nos distraímos e desviamos do foco da vida. João Batista,
sintonizado com o projeto de Deus, pregou um batismo de conversão dos pecados.
O batismo nos introduz
na vida nova. A proposta do Batista, o “batizador”
do povo de Deus, é a de que rompam com o pecado que desqualifica e desumaniza a
pessoa humana. O pecado cria raízes no íntimo do nosso ser corroendo e
corrompendo toda nossa potencialidade para o amor. Nós fomos criados no amor e
para o amor. Amar é nossa vocação e missão, somos chamados para o amor e
enviados para o amor. E continua a proposta do Batista de que preparemos o
caminho do Senhor. Percebemos aqui a sintonia do evangelho de Jesus com a
profecia de Baruc: vales que serão
aterrados, montes e colinas que serão rebaixados, passagens tortuosas e
caminhos acidentados que serão retos e plainos. Imagens traduzindo a urgência
da conversão para o amor. Deus quer vir rápido e direto até nós e se encarrega
de facilitar o caminhar.
A palavra-chave que
tiramos da Palavra de Deus neste segundo domingo do advento é a conversão.
Conversão
é caminho de volta
para Deus. Nós somos caminheiros e nos caminhos da vida tantas vezes nos
perdemos e desviamos. O pecado nos seduz e desencaminha. É preciso voltar para
Deus. A atitude de voltar não é a de retroceder ou viver na mesmice, mas sim a
de recuperar e reconstruir em nós a nossa originalidade. E nossa originalidade
vem de Deus que nos criou e salvou por amor. Essa é nossa origem que devemos
resgatar pela atitude constante de conversão, o amor, que qualifica e humaniza
nos santificando.
Pe. Márcio César Ferreira
Pároco do Sagrado Coração de
Jesus de Minduri – Forania de Andrelândia
Retirado de
www.diocesedesaojoaodelrei.com.br