Sob um céu nublado, a Praça S. Pedro acolheu
cerca de 45 mil fiéis que, entusiastas, saudaram o Papa Francisco a bordo do
seu papamóvel, antes de iniciar a sua catequese. Prosseguindo o ciclo sobre a
Igreja, o Pontífice explicou de que forma ela constitui o corpo de Cristo
partindo de um trecho do Livro de Ezequiel, do qual o Papa recomendou aos fiéis
a leitura em casa. No capítulo 37, se descreve a visão de um vale de ossos
secos. Deus, através do Espírito, faz com que sejam cobertos de tendões, carne
e pele. Assim, se forma um corpo, completo e cheio de vida.
“Pois é, esta é a Igreja! É uma obra-prima, a
obra-prima do Espírito, o qual infunde em cada um a vida nova do Ressuscitado e
nos coloca um ao lado do outro, um a serviço do outro, fazendo de todos nós um
só corpo, edificado na comunhão e no amor.”
Porém, advertiu o Papa, a Igreja não é
somente um corpo edificado no Espírito: a Igreja é o corpo de Cristo. Não se
trata simplesmente de um modo de dizer: nós o somos realmente. É o grande dom
que recebemos no dia do nosso Batismo. A consequência disso é uma profunda
comunhão de amor, disse Francisco, pedindo que nos recordemos com mais
frequência das palavras de S. Paulo. O Apóstolo exorta os maridos amem as
mulheres como o próprio corpo, assim como Cristo faz com a Igreja, porque somos
membros do seu corpo.
Todavia, recordou Francisco, este pensamento
deve despertar em nós a vontade de corresponder a este amor de Jesus e de
compartilhá-lo entre nós. As divisões, as invejas, as incompreensões e a marginalização
não edificam a Igreja como corpo de Cristo. Pelo contrário, a desmembram, é o
início da luta. “A guerra não começa no campo de batalha, mas no nosso
coração”, disse, recomendando os conselhos que S. Paulo deu aos coríntios:
“Não ser ciumento, mas apreciar nas nossas
comunidades os dons e as qualidades dos nossos irmãos. Pois sentir ciúme se
alguém comprou um carro ou ganhou na loteria faz desmembrar o corpo de Cristo.
O ciúme cresce e enche o coração, tornando-o ácido, infeliz.” Outro conselho é
demonstrar a nossa proximidade aos que sofrem; expressar a própria gratidão a
todos, e de modo especial aos que desempenham os serviços mais humildes. E, por
último, não reputar ninguém superior aos outros.
“Quantas pessoas se sentem superior aos outros.
Também nós dizemos como
aquele fariseu da parábola: ‘Lhe agradeço, Senhor,
porque não sou como aquela pessoa, sou superior’. Jamais faça isso. Se houver a
tentação, lembre-se dos seus pecados, daqueles que ninguém conhece e
envergonhe-se diante de Deus e feche a boca.”
Após a catequese, o Papa saudou os grupos
presentes na Praça. Aos poloneses, disse: “Hoje celebramos a memória litúrgica
de S. João Paulo II, que convidou todos a abrirem as portas a Cristo. Que sua
herança espiritual não seja esquecida, mas nos impulsione à reflexão e ao agir
concreto pelo bem da Igreja, da família e da sociedade.”
Francisco saudou os cerca de 250 brasileiros
e os lusófonos com as seguintes palavras: “Dirijo uma saudação cordial a todos
os peregrinos de língua portuguesa, particularmente os fiéis das várias
paróquias do Brasil. Queridos amigos, somos verdadeiramente o Corpo de Cristo!
Não deixemos de nos fazer solidários com os mais necessitados, lembrando as
palavras de São Paulo: ‘se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se
um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele’! Assim Deus vos
abençoe! Obrigado.”
Antes da Audiência Geral, o Papa cumprimentou
os jogadores do Bayern de Munique, que disputaram na noite de terça-feira mais
um jogo pela Liga dos Campeões contra a Roma. No estádio Olímpico, o time
alemão venceu os donos da casa por 7 a 1.
Texto proveniente da página
http://pt.radiovaticana.va/news/2014/10/22/papa:_ci%C3%BAme_e_inveja_desmembram_a_igreja,_que_%C3%A9_corpo_do_cristo/bra-832332
do site da Rádio Vaticano