quarta-feira, 12 de março de 2014

Tráfico de pessoas é o 2º negócio mais rentável

“Alguém da capital vai até o interior e, vendo famílias com muitos filhos, pede aos pais uma das crianças. Os pais, pensando que vai ser bom para a criança, permitem. Assim, começa o tráfico de pessoas e a exploração do trabalho.”

O fato foi contado como exemplo pela professora Tania Teixeira Laky de Sousa, pós-doutoranda do Núcleo de Estudos sobre Identidade do Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da PUC-SP, que ministrou a aula inaugural do Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia, na quinta-feira, 27, no campus Ipiranga.


O tema escolhido foi o mesmo da sua tese de doutorado, usado também na elaboração do Texto-base da Campanha da Fraternidade 2014: “Tráfico Internacional de Mulheres – nova face de uma velha escravidão”.

A estimativa é de 32 milhões de pessoas traficadas, somando o segundo negócio mais rentável do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas. Em terceiro lugar está o tráfico de armas. Estima-se que 4,5 milhões são exploradas em atividades sexuais forçadas. Já em relação à exploração do trabalho infantil, por exemplo, estima-se que, para cada 10 crianças no Brasil, 1 é explorada. São 860 mil crianças, de 7 a 14 anos empregadas no Brasil, este número corresponde àqueles que estão destinados a trabalhos forçados.

“É um crime silencioso, pois muitas vítimas não denunciam. Será uma invisibilidade ou um cinismo social? O crime organizado lembra a velha escravidão. Há rotas e agentes do tráfico e uma evolução do quadro legal do crime organizado”, explicou Tania.


A Professora explicou também as concentrações da rota do tráfico no Brasil, a partir de um estudo realizado em 2012. No Norte são 76 rotas; no Nordeste, 69; no Sudeste, 35; no Centro Oeste, 33, e no Sul, 28. Ela ressaltou as características desse crime, como a ampla estrutura e sofisticado meio, documentos falsos e lavagem de dinheiro.

“Foram detectadas 241 rotas. Sendo 110 relacionadas ao tráfico interno e 131 ao tráfico transnacional. Quando eu trabalhei nas fronteiras, analisando o tráfico, vi muitos casos. Nas fronteiras, sobretudo, os tráficos de armas, drogas e humano convergem”, disse.

O Brasil é origem e destino de tráfico de pessoas. Tania explicou que presenciou, em Santa Catarina, prostíbulos com mulheres latino-americanas. “Elas eram recrutadas no Paraguai e convidadas a trabalhar como camareiras ou domésticas, e, ao chegarem ao Brasil, caíam nas mãos do tráfico organizado. O tráfico de pessoas é uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”, disse Tania, lembrando a frase do papa Francisco.




Fonte: http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/noticias
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