Os ritmos da vida cotidiana, o cansaço do
trabalho e da educação esmagam as pessoas. Isso vale na sociedade, mas também
na Igreja, e também na Igreja se corre o risco de encontrar-se diante de uma
geração de "órfãos".
O Papa pediu às paróquias que estudem esse
aspecto de "orfandade", como para fazer recuperar a memória de
família, estudar de modo que nas paróquias haja a memória. O Santo Padre o fez
ao abrir o Congresso Diocesano de Roma, refletindo sobre o conceito de
evangelização expresso por Paulo VI na Evangelii nuntiandi e sobre o de Igreja
que não faz proselitismo, mas que "atrai", conceito expresso e
recomendado por Bento XVI ("A Igreja não cresce por proselitismo, mas por
atração", ndr).
Falando em grande parte de modo espontâneo,
ou seja, sem texto, Francisco disse que em numerosas cartas que recebe todos os
dias – contou – leio relatos "de muitos homens e mulheres que se sentem
desorientados porque a vida é muitas vezes cansativa e não se consegue
encontrar o seu sentido e valor, por demais corrida, e imagino quanto é confusa
a jornada de um pai e de uma mãe que se levantam cedo, acompanham os filhos à
escola e depois vão trabalhar muitas vezes em lugares repletos de
conflitos".
O Papa Bergoglio contou que quando era Arcebispo
de Buenos Aires e conseguia falar com mais freqüência com os jovens, deu-se
conta de que eles sofrem de orfandade, "nossas crianças e jovens sofrem de
orfandade – reiterou –, creio que o mesmo aconteça em Roma. Os jovens são
órfãos de um caminho seguro para percorrer, de um mestre, de ideais que aqueçam
o coração, de esperanças que sustentem a faina cotidiana. São órfãos, mas
conservam o desejo de tudo isso", frisou.
"Essa é a sociedade dos órfãos, sem
memória de família porque, por exemplo, os avós são levados para casas de
repouso, sem afeto de hoje, ou um afeto muito veloz, pai e mãe estão cansados e
vão dormir e eles ficam cansados, órfãos de gratuidade, daquela gratuidade do
pai e da mãe que sabem perder tempo brincando com os filhos. Precisamos do
sentido da gratuidade nas famílias e nas paróquias.
Francisco disse ainda que "a Igreja deve
tornar-se mãe, não uma Ong bem organizada". "Se a Igreja não é mãe,
não é fecunda e se torna solteirona" – disse. A sua identidade é
evangelizar, ou seja, fazer filhos". "A fecundidade é a graça que
devemos pedir ao Espírito Santo. Não é ir buscar proselitismo". A Igreja
"não cresce por proselitismo, mas por atração materna, por testemunho que
gera filhos", reiterou.
Hoje a "mãe Igreja envelheceu um pouco,
não digamos que é avó, mas devemos rejuvenescê-la, não levá-la ao médico que
faz maquiagem. A Igreja torna-se jovem quando é capaz de fazer filhos"
(RL)
Texto proveniente da página
http://pt.radiovaticana.va/news/2014/06/16/papa_na_abertura_do_congreso_diocesano_de_roma:_precisamos_do_sentido/bra-807430
do site da Rádio Vaticano